Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come – Review de Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro

Baseado nos livros de Alvin Schwartz, e com produção de Guilhermo Del Toro e direção de André Ovedral, Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro traz pro cinema uma ambientação clássica de contos de horror numa pegada infanto juvenil, orquestrando o senso de urgência nos personagens e espectadores.

A trama se passa na cidade de Mill Valley em 1968, abordando pontualmente a questão política da participação dos Estados Unidos na guerra do Vietnam (sem muita relevância para o roteiro), o que serve apenas para pontuar em que década se passa a história. Nesta cidade, a lenda urbana cheia de mistérios sobre a família Bellows que moravam num casarão típico de filmes de horror no século XIX. É notório na cidade que Sarah Bellows (Kathleen Pollard) era mantida trancada num porão pela própria família, e ali escrevia seus contos macabros. A partir daí, o boca a boca dos moradores da cidade dão uma aura sinistra e engrandecedora sobre a família.

Certa noite um grupo de jovens encabeçado pela aspirante escritora de horror e mistério Stella Michaels (Zoe Margaret Colletti) invade o casarão e encontra o livro de Sarah. Posteriormente, os contos nesse mesmo livro passam a acontecer, o qual as vítimas lutam contra o tempo para que não morram. Pode não soar tão original a ideia, mas o desencadear de acontecimentos num jogo de gato e rato é um destaque certeiro do roteiro pelo senso de urgência ao lidar com o sobrenatural.

Cada conto macabro do livro de Sarah se manifesta na vida dos amigos de Stella, soando de maneira episódica ao melhor estilo “a próxima vítima”. A atmosfera soturna e a condução de situações (os segmentos do espantalho e quarto vermelho são bem explorados), deixa os personagens num desespero palpável e evitando a todo custo que cada palavra escrita em tinta vermelha no livro se torne realidade. Ângulos de câmera e sonoplastia sugerem o que pode ou não ocorrer causando aflição ao espectador, já que o roteiro segura e entrega o jumpscare e momentos assustadores de formas diferentes.

Outro ponto a favor além do carisma dos protagonistas são os dramas pessoais de alguns: como o desaparecimento anos atrás da mãe de Stella, e a perseguição e preconceito diário que o jovem latino Ramón Morales (Michael Garza) recebe. Ambas as questões se entrelaçam pertinentemente na narrativa trazendo camadas aos personagens.

Apesar de efeitos de computação gráfica não serem um primor, e tão pouco não haja espaço para uma violência mais gráfica, Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro tem um visual amedrontador das criaturas saídas do escuro e um bom desencadear de situações. A corrida contra o tempo para sobreviver faz deste filme uma boa opção pra quem quer terror e mistério raiz.

Nota: Parece um Goosebumps turbinado!

Nota 03 de 04

 

 

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