No alvo! – Review de Gavião Arqueiro

O texto a seguir contém Spoilers! 🚨⚠️🚨

Quando deu as caras no MCU, Clinton Barton (Jeremy Renner) tinha todo o potencial para se tornar um dos Vingadores mais amados do público por um simples motivo: ele, assim como Natasha Romanoff, é apenas humano! Em Era de Ultron, ainda que não seja uma das aventuras favoritas de fãs, houve bons momentos como o de apresentar um lado do Gavião que não fazíamos ideia. Quem aí não ficou com vontade de visitar o rancho dos Barton?

O roteiro humanizou de tal forma o personagem que a previsão sobre ele ser um dos mais legais se tornou realidade. Quando debatia com amizades, lá em 2012 na primeira aventura da equipe, que ele poderia ser um dos favoritos de muita gente a reação imediata eram risadas. Depois de alguns anos quem está rindo agora? A proposta da série Gavião Arqueiro já nos seus primeiros teasers era de que seria um programa divertido. Clint tem um lado amoroso, um paizão com a família e lidando com o trauma em ter perdido Natasha Romanoff (Scarlett Johansson).

Há um jeitão ranzinza dele ao lado de Kate Bishop (Hailee Steinfeld). Ela consegue ser um ótimo contraponto com muita diversão e leveza. Quem diria? Uma dupla improvável, uma das melhores da Marvel Studios, uma relação entre mestre e pupila de maneira divertida em tela. A série aborda Barton, após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato numa missão diferente… voltar para sua família e curtir o natal juntos. Somos apresentados a carismática Bishop, uma arqueira de vinte e dois anos que sonha em se tornar uma super-heroína justamente por ter visto Clint durante o ataque dos Chitauri em Nova Iorque no ano de 2012. Eles viram uma dupla em ação quando uma presença do passado de Barton, o retorno de Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio), ameaça destruir mais do que apenas o espírito festivo, mas a vida da família Barton (especificamente a esposa dele, Laura).

Cada episódio termina despertando a vontade em ver o próximo não só pelas revelações da trama, como o retorno de Yelena Belova (Florence Pugh) e o Rei do Crime. Mas também pela dinâmica e ritmo que o seriado emprega. As cenas de ação são inventivas entre Barton e Kate usando as flechas fundindo adrenalina e diversão. Temos presenças carismáticas – a galera do LARP é ótima! -, e de quebra o clima misterioso que cerca Eleanor Bishop (Vera Farmiga) e Jack Duquesne (Tony Dalton).

Mas a produção não é impecável. Existem falhas justamente na ausência de impacto ao revelar Yelena e Fisk dado a importância desses dois no universo da Casa das Ideias, e ambos têm seis potenciais desperdiçados na trama. A cena pós crédito de Viúva-Negra conduz a expectativa sobre como e quando veríamos novamente a irmã de Natasha. Então, carece na direção do episódio o qual Belova dá as caras uma assinatura no momento de sua aparição após uma luta. Por falar exatamente nessa luta, o embate no telhado envolvendo vários personagens com a presença de Yelena (pouco antes dela ser revelada) é escura demais, mal coreografa e a edição e montagem são confusas.

Sobre a outra grande revelação, a do Rei do Crime, não impressiona tanto ainda que gere grandes expectativas por ser o retorno tão aguardado de um dos melhores antagonistas do estúdio. Contudo, apesar da sempre ótima atuação de D’Onofrio, não há o peso da ameaça que Wilson Fisk representa. Isso provavelmente se deve ao clima de despretensão e “leveza” que o programa se propõe. Outro ponto a se destacar é o embate inevitável entre Yelena e Kate. É perceptível a falta de urgência, afinal uma viúva-negra está indo matar Clint, e a única coisa no momento que pode impedir isso é Kate.

A intenção de Yelena não é matar Kate justamente por ter sido contratada pela mãe da jovem arqueira – Eleanor (Farmiga). Mas o tom de comédia entre ambas, num momento que deveria ser crucial, tira a dramaticidade e importância disso. Mas isso logo é sanado no momento catártico entre as personagens de Pugh e Renner. Notável a efervescência emocional: Yelena em ter perdido a irmã, e Barton por sentir culpa em não ter dado a própria vida e “deixado” Natasha se sacrificar em Ultimato.

Quanto à Echo (Alaqua Cox) e Fisk, ingenuidade de quem acreditar que ele foi morto por sua protegida. Em breve veremos mais da atuação da ótima Cox em sua própria série intitulada Eco.

Por fim, Gavião Arqueiro tem altos e baixos, e ao final o saldo é positivo. Vemos uma nova faceta para Clint (em sua condição de surdez e uso da linguagem de sinais), e não só isso, mas aprofunda personagens carismáticos e há espaço para diversidade. E Steinfeld é a cereja desse bolo tomando pra si o protagonismo por várias vezes. Num ano de pandemia, a Marvel Studios conseguiu entregar boas produções no cinema e no streaming. Fiquem ligados nas próximas produções.

Nota do autor: Jovens Vingadores está cada vez mais próximo.

Nota 03 de 04

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